quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Arcadismo – características - autores e obras


                                 Origem do Arcadismo

O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, surgiu no continente europeu no século XVIII, durante uma época de ascensão da burguesia e de seus valores sociais, políticos e religiosos. Esta escola literária caracterizava-se pela valorização da vida bucólica e dos elementos da natureza. O nome originou-se de uma região grega chamada Arcádia (morada do deus Pan).

Os poetas desta escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a tranqüilidade proporcionada pela natureza e a contemplação da vida simples. Portanto, desprezam a vida nos grandes centros urbanos e toda a vida agitada e problemas que as pessoas levavam nestes locais. Os poetas arcadistas chegavam a usar pseudônimos (apelidos) de pastores latinos ou gregos.

O Arcadismo no Brasil

No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas.

 Entre os principais poetas do arcadismo brasileiro, podemos destacar Cláudio Manoel da Costa (autor de Obras Poéticas), Tomás Antônio Gonzaga (autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu), Basílio da Gama (autor de O Uraguai) , Frei Santa Rita Durão (autor do poema Caramuru) e Silva Alvarenga (autor de Glaura).

Principais Características do Arcadismo no Brasil



1) OPOSIÇÃO AO BARROCO – Proposta de linguagem simples, de frases na ordem direta e de palavreado de uso popular, ou seja, o contrário das pregações do seiscentismo.

2) VERSOS BRANCOS – Ao contrário do Barroco, o poeta árcade pode usar o verso branco (sem rima), numa atitude que simboliza liberdade na criação. No Brasil, Basílio da Gama foi o mais ousado: compôs o livro O Uraguai (poema épico) sem fazer uso da rima.

3) A POESIA COMO IMITAÇÃO DA NATUREZA – Os árcades copiavam os modelos clássicos antigos ou renascentistas, numa flagrante falta de originalidade. O poeta buscava, na natureza, os modelos de beleza, bondade e perfeição. Falta, pois, ao árcade a capacidade de inventar, comum nos poetas do Barroco, do Romantismo, do Simbolismo e do Modernismo.


Características estilísticas do Arcadismo

a) OPOSIÇÃO AO BARROCO – Proposta de linguagem simples, de frases na ordem direta e de palavreado de uso popular, ou seja, o contrário das pregações do seiscentismo.

b) VERSOS BRANCOS – Ao contrário do Barroco, o poeta árcade pode usar o verso branco (sem rima), numa atitude que simboliza liberdade na criação. No Brasil, Basílio da Gama foi o mais ousado: compôs o livro O Uraguai (poema épico) sem fazer uso da rima.

c) A POESIA COMO IMITAÇÃO DA NATUREZA – Os árcades copiavam os modelos clássicos antigos ou renascentistas, numa flagrante falta de originalidade. O poeta buscava, na natureza, os modelos de beleza, bondade e perfeição. Falta, pois, ao árcade a capacidade de inventar, comum nos poetas do Barroco, do Romantismo, do Simbolismo e do Modernismo.

d) COMPROMISSO COM A BELEZA, O BEM, A PERFEIÇÃO – Compromisso com a poesia descritiva e objetiva. Nesse aspecto, a poesia árcade faz lembrar a época parnasiana. Há mais preocupação com situações do que com emoções.

e) PASTORALISMO – O poeta do Arcadismo imagina-se, na hora de produzir poemas, um “pastor de ovelhas”. É de supor que um pastor não disponha de linguagem sofisticada. Daí a idéia de simplicidade no escrever. O próprio tema da poesia converge para assuntos bucólicos, amorosos, com riachos, campinas, fontes, rebanho, ovelhas, cajado. A própria condição de amar e ser feliz é condicionada à convivência campestre.

f) USO DE PSEUDÔNIMOS – O poeta árcade adota nome falso porque se considera um “pastor de ovelhas”. É como se o escritor tivesse duas identidades: uma real, outra especial, usada apenas para compor poesias. Tomás Antônio Gonzaga, o nosso maior poeta árcade, era advogado e político na vida real. Na momento de compor poemas, transformava-se em Dirceu, um simples (às vezes nem tanto) pastor de ovelhas.

g) PRESENÇA DE MUSAS – Diz-se que a condição precípua para ser poeta, no Arcadismo, era estar apaixonado. Exageros à parte, a maioria dos poetas árcades brasileiros notabilizaram-se fazendo poesias líricas para suas amadas. Alguns comedidos (caso de Gonzaga que se inspirava em uma só mulher: Marília), outros mais ousados (caso de Cláudio Manuel da Costa que fazia poemas para Nise e Eulina), a verdade é que poucos se aventuraram à lavra pura e simples da poesia dissociada da figura feminina.


Principais representantes do Arcadismo no Brasil

Claudio Manuel da Costa vida e obras



Introdutor do Arcadismo no Brasil, Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) estudou Direito em Coimbra. Rico, advogou em Mariana, SP, onde nasceu e estabeleceu-se depois em Vila Rica. Foi um poeta de transição, ainda muito preso ao Barroco. Era grande amigo de Tomás Antônio Gonzaga, como atesta a poesia deste. Tinha os pseudônimos (apelido, no caso dos árcades, de origem pastoril) de Glauceste Satúrnio e Alceste. O nome de sua musa era Eulina. Foi preso em 1789, acusado de reunir os conjurados da Inconfidência Mineira. Após delatar seus colegas, é encontrado morto na cela, um caso de suicídio até hoje nebuloso. Na citação a seguir está presente um elogio ao campo, lugar idealizado pelos árcades.

"Quem deixa o trato pastoril, amado,
Pela ingrata civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro da paz não tem provado."


Principais obras de Claudio Manuel da Costa


Escreveu: "Munúsculo Métrico", romance heróico, "Epicédio em Memória de Frei Gaspar da Encarnação", "Labirinto de Amor", "Culto ao Métrico" e "Números Harmônicos" - todas obras menores, criticadas, inclusive, pelo próprio poeta devido ao excesso de metáforas, no "Prólogo ao Leitor", de sua mais importante composição, "Obras" (1768).

Escreveu ainda, a poesia narrativa "Fábula ao Ribeirão do Carmo" e o poema épico "Vila Rica". Mesmo seguindo as regras do arcadismo, são obras de pouca qualidade em relação aos poemas bucólicos. Há ainda a peça musical "O Parnaso Obsequioso" e também algumas traduções da obra do árcade italiano Metastasio.


Basílio da Gama - vida e principais obras

Nasceu em 8 de abril de 1741, em São José do Rio das Mortes (hoje Tiradentes), Minas. Morreu em Lisboa, em 1795.

Estudou com os jesuítas: era noviço quando Pombal decretou a expulsão dos padres do Brasil.


Em 1795, expulsos os jesuítas, segue para Roma, onde seus mestres fazem que seja aceito na Arcádia Romana (fundada em 1690).

Em Lisboa, é preso por suspeição de jesuitismo e condenado ao degredo. Salva-se dirigindo um Epitalâmio (poema nupcial) à filha do Marquês de Pombal.





Nome Árcade: Termindo Sipílio.

Tipo de poesia que cultivou: épica.

Obra máxima:

O Uraguai (1769), poema épico composto para exaltar os portugueses e satirizar os jesuítas do Brasil. O livro trata da luta que portugueses e espanhóis moveram contra indígenas e jesuítas em Sete Povos das Missões, no Uruguai (hoje Rio Grande do Sul), em 1759.

Vejamos uma das passagens mais famosas de sua obra: a morte de Lindoia.

"Na idade que eu, brincando entre os pastores,
Andava pela mão e mal andava,
Uma ninfa comigo então brincava,
Da mesma idade e bela como as flores."

"Açouta o campo coa ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! No frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito." 
O Uraguai


O URAGUAI

Dados importantes sobre o livro:

1. CLASSIFICAÇÃO – Poema épico, escrito em decassílabos brancos, sem divisão em estrofes. Foge, assim, à imitação de Os Lusíadas, de Camões.

2. OBJETIVO DA OBRA – Satirizar os jesuítas e agradar o Marquês de Pombal, protetor do poeta.

3. PERSONAGENS PRINCIPAIS:

Lindóia – índia; heroína que morre picada por uma cobra.

Cacambo – índio guerreiro; esposo de Lindóia.

Pe. Balda – jesuíta; vilão da história.

Caitutu – índio guerreiro; irmão de Lindóia.

Tanajura – índia feiticeira.

Gomes Freire de Andrade – chefe das tropas portuguesas.



Tomás Antônio Gonzaga vida e principais obras





Tomás Antônio Gonzaga, filho de pai brasileiro, é natural do Porto, Portugal, onde nasceu a 11 de agosto de 1744, e morreu em Moçambique, em data desconhecida, aproximadamente entre os anos 1809 e 1810.

Diplomou-se em Direito pela Universidade de Coimbra celebrizou Marília, seguindo a magistratura. Foi ouvidor e procurador dos defuntos e ausentes em Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto-MG, onde conheceu e apaixonou-se por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, idealizada sob o nome de Marília, personagem do livro que o celebrizou—Marília de Dirceu, sendo Dirceu o nome arcaico de Tomás Antônio Gonzaga.

Sendo acusado de participação na Inconfidência Mineira, foi condenado e preso por três anos nas masmorras da ilha  Cobras-RJ, onde talvez tenha escrito as mais notáveis de suas liras. Condenado ao degredo por dez anos, em Moçambique, casou-se com Juliana Mascarenhas de Sousa, filha de um rico mercador.

Foi autor de liras amorosas—Marília de Dirceu—e de poemas satíricos em forma de cartas—Cartas Chilenas.

Tomás Antônio Gonzaga é considerado um dos grandes poetas do Arcadismo brasileiro, e seus versos, fugindo à tendência da época, são marcados por expressão própria, pela harmonização dos elementos racionais e afetivos e por um toque de sensualidade pouco pronunciado, senão ausente, nos outros autores árcades.


Sua obra apresenta características transitórias para o Romantismo, como a supervalorização do amor e a idealização da mulher em Marília de Dirceu.

"Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos ainda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder de meu cajado." Marília de Dirceu

" Assim o nosso chefe não descansa
De fazer, Doroteu, no seu governo,
Asneiras sobre asneiras e, entre as muitas,
Que menos violentas nos parecem,
Pratica outras que excedem muito e muito
As raias dos humanos desconcertos." Cartas Chilenas

Principais Obras De Tomas Antônio Gonzaga



·         Marília de Dirceu

·         Cartas chilenas

·         Tratado de Direito Natural



Santa Rita Durão 



Nasceu em Cata Preta, Minas, em 1722.

Faleceu em Lisboa, em 1784.

Com pouca idade, foi mandado para Portugal, onde realizou estudos de Filosofia e Teologia, tomando hábito aos dezesseis anos.

Envolvido na polêmica contra os jesuítas, refugiou-se na Espanha e, mais tarde, na França e na Itália.

De suas produções poéticas, ficou o poema épico Caramuru (Lisboa, 1871), feito à imitação direta de Os Lusíadas, de Camões.



Principal obra de Santa Rita Durão





CARAMURU

Dados importantes sobre o livro:

1. CLASSIFICAÇÃO – Poema épico, escrito em decassílabos rimados, com divisão em cantos e estrofes. Imita, assim, o esquema tradicional imposto por Camões em Os Lusíadas.

2. TEMA CENTRAL – O poema narra, em dez cantos, o naufrágio de Diogo Álvares Correia (na costa da Bahia) e suas aventuras amorosas com as índias, sobretudo com Paraguaçu e Moema. O material é vasto: fatos da História, o temperamento e as lendas dos indígenas. O poema segue o esquema clássico camoniano, usando a oitava rima, obedecendo à divisão tradicional em proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo.

3. PERSONAGENS PRINCIPAIS de Caramuru

Diogo Álvares Correia – herói; náufrago português.

Paraguaçu – índia, filha do cacique.

Moema – amante de Diogo; morre afogada.

Taparica – cacique; pai da índia Paraguaçu.



Vejamos um trecho da obra de Santa Rita Durão: (CARAMURU)

“- Bárbaro (a bela diz) tigre e não homem...
Porém o tigre, por cruel que brame,
Acha forças no amor, que enfim o domem;
Só a ti não domou, por mais que eu te ame.
Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,
Como não consumis aquele infame?
Mas pagar tanto amor com tédio e asco...
Ah! Que corisco és tu...raio...penhasco”

(Trecho do Canto VI, onde narra a morte de Moema)




Silva Alvarenga vida e obras





Silva Alvarenga (Vila Rica [Ouro Preto] MG, 1749 - Rio de Janeiro RJ, 1814) fez estudos de Matemática e de Direito Canônico na Universidade de Coimbra (Portugal) entre 1773 e 1776. Era músico, mas não seguiu a carreira por proibição do pai. De volta ao Brasil, participou na Colônia Ultramarina, prolongamento da Arcádia Romana em Minas, com o pseudônimo de Alcindo Palmireno, por volta de 1768, em Ouro Preto MG. Na década de 1780 foi professor de Retórica e Poética no Rio de Janeiro. Em 1786, foi fundador, elaborador dos estatutos e secretário da Sociedade Literária, o que o levou a ser preso entre 1794 e 1797, por acusação de conspiração contra o governo; foi solto por clemência de D. Maria I. Nos anos de 1813 e 1814 colaborou em O Patriota, de Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, a primeira revista de cultura impressa no Brasil após a chegada de D. João VI. Sua obra poética constitui-se dos livros O Desertor (1774), O Templo de Netuno (1777), A Gruta Americana (1779), Às Artes (1778) e, o mais famoso, Glaura (1799). Silva Alvarenga é um dos principais poetas árcades brasileiros. Para o crítico José Aderaldo Castello, em sua obra “ressalta-se, em primeiro plano, a atitude de transição assumida pelo poeta entre o espírito servil e bajulador e o espírito independente dos autores da literatura brasileira colonial, em relação aos mandatários e poderosos de Portugal.”



Principais obras de Silva Alvarenga



O Desertor das Letras". Comungou dos ideais neoclássicos e na Arcádia tinha o nome de Alcindo Palmireno. É conhecido como um dos poetas da Pléiade Mineira.

Obras: O Desertor das Letras (Coimbra, 1774), Glaura – Poemas Eróticos (Lisboa, 1799).



Veja um trecho de sua principal obra Glaura:



Carinhosa e doce, ó Glaura,

Vem esta aura lisonjeira,

E a mangueira já florida

Nos convida a respirar.

Sobre a relva o sol doirado

Bebe as lágrimas da Aurora,

E suave os dons de Flora

Neste prado vê brotar.



Características das obras de Silva Alvarenga
 
Identificado com a filosofia da ilustração, a exemplo de outros árcades, Manuel Inácio da Silva Alvarenga, em Glaura, também cultiva uma lírica de inspiração galante. 

As caracteristicas de seus poemas são marcados por rondós* e madrigais* .



*Rondó: composição poética com estribilho constante.
*Madrigal: composição poética galante e musical.


Expressões inspiradas por Horácio:


"fugere urbem” - fuga urbana; 
“carpe diem” - aproveitamento da vida;
“aureas mediocritas” - valorização do cotidiano, do simples;
“locus amoenus” - idealização de um refúgio, longe da cidade.

PARA CONHECER MAIS:
Santa Rita Durão - http://www.jornaldepoesia.jor.br/sr01.html



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