Conheça
os principais aspectos do movimento
MARCO INICIAL:
Publicação do poema épico
"Prosopopeia", de Bento
Teixeira, em 1601.
Publicação
das "Obras Poéticas", de
Cláudio Manuel da Costa e fundação da Arcádia Ultramarina, movimento
poético-literário que dá início ao Arcadismo,
em 1768.
CONTEXTO HISTÓRICO
O
movimento brasileiro, influenciado pelo barroco português, apresentou suas
próprias características, pois diferente da realidade portuguesa de luxo e
pompa da aristocracia, o Brasil vivia uma realidade de violência, em que se
perseguiam os índios e escravizavam os negros.
No
Brasil, o barroco ganhou impulso entre 1720 e 1750, momento em que várias
academias literárias foram fundadas por todo o país.
O
centro de riqueza da época era Minas Gerais, e foi lá que a produção artística,
ligada à igreja, concentrou-se. O arquiteto, entalhador e escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho,
foi o grande representante dessa tendência nas artes plásticas, o estilo rococó
predominava em suas esculturas de materiais típicos nacionais, como a madeira e
pedra-sabão.
O
Barroco é fundamentalmente uma expressão do conflito entre o humanismo
renascentista e a tentativa de restauração de uma religiosidade "medieval",
entre a razão e a fé, entre o material e o espiritual.
1)
A evasão ao conflito existencial enunciado no item anterior foi
buscada através de uma valorização exagerada da forma, que resultou numa
literatura marcada pelo rebuscamento da linguagem, sobrecarregando o texto com
figuras de estilo, como a metáfora, a alegoria, a hipérbole e a antítese.
2) A
arte é identificada com a engenhosidade do artista que pode se dar no nível da forma (cultismo) ou do conteúdo (conceptismo).
•
Cultismo – caracterizado pela
linguagem culta, rebuscada, ligado à forma, jogo de palavras, com influência do
poeta espanhol Luís de Gôngora, e por isso, chamado também de Gongorismo.
•
Conceptismo – caracterizado pelo
jogo de ideias, ligado ao conteúdo, raciocínio lógico, com influência do
espanhol Quevedo, e por isso, chamado também de Quevedismo.
PRINCIPAIS
AUTORES
· Na
poesia, Gregório de Matos Guerra (1623-1696);
· Na
prosa, com suas obras de profecias, cartas e sermões, o Padre
Antonio Vieira (1608-1697)
GREGÓRIO DE MATOS:
É o
maior poeta barroco brasileiro, sua obra permaneceu inédita por muito tempo,
suas obras são ricas em sátiras, além de retratar a Bahia com bastante
irreverência, o autor não foi indiferente à paixão humana e religiosa, à
natureza e reflexão.
As
obras desse escritor são divididas de acordo com a temática: poesia lírica religiosa, amorosa e
filosófica.
- A lírica religiosa: explora temas como o amor a Deus, o arrependimento, o pecado, apresenta referências
bíblicas através de uma linguagem culta, cheia de figuras de linguagem.
Veja
que no exemplo a seguir o poeta baseia-se numa passagem do evangelho de S.
Lucas, quando Jesus Cristo narra a parábola da ovelha perdida e conclui dizendo
que “há grande alegria nos céus quando
um pecador se arrepende”:
A
JESUS CRISTO NOSSO SENHOR
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
da vossa alta clemência me despido;
porque, quanto mais tenho delinquido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vós irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha, a vossa glória.
(Gregório de Matos)
- A lírica amorosa: é marcada pela dualidade amorosa entre carne/espírito, ocasionando um sentimento de culpa no plano espiritual.
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
da vossa alta clemência me despido;
porque, quanto mais tenho delinquido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vós irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha, a vossa glória.
(Gregório de Matos)
- A lírica amorosa: é marcada pela dualidade amorosa entre carne/espírito, ocasionando um sentimento de culpa no plano espiritual.
Retrato
/ Dona Ângela
Anjo
no nome, Angélica na cara
Isso
é ser flor, e Anjo juntamente
Ser
Angélica flor, e Anjo florente
Em
quem, se não em vós se uniformara?
Quem
veria uma flor, que a não cortara
De
verde pé, de rama florescente?
E
quem um Anjo vira tão luzente
Que
por seu Deus, o não idolatrara?
Se
como Anjo sois dos meus altares
Fôreis
o meu custódio, e minha guarda
Livrara
eu de diabólicos azares.
Mas
vejo, que tão bela, e tão galharda
Posto
que os Anjos nunca dão pesares
Sois
Anjo, que me tenta, e não me guarda.
- A lírica filosófica: os textos fazem referência à desordem do mundo e às desilusões do homem perante a realidade.
Inconstância dos bens do mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Em
virtude de suas sátiras, Gregório de Matos ficou conhecido como “O boca do
Inferno”, pois o poeta não economizou palavrões nem críticas em sua linguagem,
que além disso era enriquecida com termos indígenas e africanos.
Eis um exemplo dos muitos “retratos” que Gregório de
Matos compôs:
Soneto
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequente olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa. Escuta, espreita, e esquadrinha,
Para levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.
Soneto
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequente olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa. Escuta, espreita, e esquadrinha,
Para levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.
Nesse
texto o poeta expõe os personagens que circulavam pela cidade de Salvador -
conhecida como Bahia- desde as mais altas autoridades até os mais pobres
escravos.
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