O ARCADISMO
Objetivo:
esta
lição continua a abordar o estilo literário :arcadismo, mas com destaque para
como este estilo se desenvolveu aqui no Brasil. Quais seus principais autores,
como as ideias árcades influenciaram a sociedade, principalmente a elite
jovem, que ia buscar conhecimento em Coimbra. Como estes ideais serviram
de base para haver forças para ir contra as ideias do governo ao ponto de
servir de base para a inconfidência mineira.
O
ARCADISMO NO BRASIL(1768-1836)
No
Brasil, o rompimento com estética barroca começou com a Publicação de Obras,
de Cláudio Manuel da Costa, em 1768. este movimento permaneceu como tendência
literária até 1836, quando se inicia o Romantismo.
O
Arcadismo também ficou marcado por dois aspectos centrais. O dualismo dos
escritores brasileiros do século XVIII, que, ao mesmo tempo, seguiam os modelos
culturais europeus e se interessavam pela natureza e pelos problemas
específicos da colônia brasileira; e a influência das idéias iluministas sobre
os escritores e intelectuais brasileiros, que resultou no movimento da
Inconfidência Mineira e seus trágicos resultados: prisão, morte, exílio,
enforcamento.
Como no
Brasil não existiu uma Arcádia como em Portugal,a concentração do arcadismo
brasileiro foi principalmente em Vila Rica ( hoje Ouro Preto), Minas
Gerais,onde um grupo de intelectuais se destacou na arte literária e na prática
política,com grande participação na Inconfidência Mineira, seu aparecimento
teve relação direta com o grande crescimento urbano verificado nas cidades
mineiras do século XVIII, cuja base econômica era a extração de ouro. Este
grupo era constituído por Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,
Inácio José de Alvarenga Peixoto e outros.
O
crescimento espantoso dessas cidades favorecia tanto a divulgação de ideias
políticas quanto o florescimento de uma literatura cujos modelos os jovens
brasileiros - foram buscar em Coimbra, já que a colônia não lhes oferecia
cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias
iluministas que faziam fermentar a vida cultural portuguesa à época das
inovações políticas e culturais do ministro Marquês de Pombal, adepto de
algumas ideias da Ilustração.
Essas ideias, em Vila Rica, levaram vários intelectuais e escritores a
desejarem a independência do Brasil, principalmente após a repercussão da
independência dos Estados Unidos da América ( 1776). Tais sonhos culminaram na
frustrada Inconfidência Mineira ( 1789).
Características
do arcadismo no Brasil:
- apego aos valores da terra: a simplicidade na poesia e a
idéia de abolir as inutilidades( inutilia truncat) foram os objetivos dos arcades
brasileiros. Como a concentração foi em Minas Gerais, nasce um nativismo que
incorporou os valores da terra ao ideário da estática bucólica, em alta no
arcadismo.
- Incorporação do elemento
indígena: a
valorização do índio foi destaque nesta época, era o reflexo do “bom
selvagem”, de Rousseau, onde a natureza faz o homem feliz e bom, mas a
sociedade o corrompe.
- Sátira política: um exemplo foi Cartas
Chilenas, onde é bem clara a sátira política aos tempos difíceis da exploração
portuguesa e à corrupção dos governos coloniais.
Os
árcades e a Inconfidência:
Os
escritores árcades mineiros tiveram participação direta no movimento da
Inconfidência Mineira. Chegados de Coimbra com idéias enciclopedistas e
influenciados pela independência dos EUA, divulgaram os sonhos de um Brasil
independente e contribuíram para a organização do grupo inconfidente. Esses
escritores eram Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da
Costa.
Do grupo,
apenas um homem não tinha a mesma formação intelectual dos demais nem era
escritor: o alferes Tiradentes (dentista prático), maçom e simpatizante dos
ideais iluministas.
Com a
traição de Joaquim Silvério dos Reis, que devia vultosas somas ao governo
português, o grupo foi preso. Todos, com exceção de Tiradentes, negaram sua
participação no movimento. Cláudio Manuel da Costa, segundo versão oficial,
suicidou-se na prisão antes do julgamento.
No
julgamento, vários inconfidentes foram condenados à morte por enforcamento,
dentre eles Tiradentes e Alvarenga Peixoto. Tomás Antônio Gonzaga e outros
foram condenados ao exílio temporário ou perpétuo. Tiradentes assumiu para si a
responsabilidade da liderança do grupo.
No dia 20
de abril de 1792, foi comutada a pena de todos os participantes, excluindo
Tiradentes, enforcado no dia seguinte. Seu corpo foi esquartejado e exposto por
Vila Rica; seus bens, confiscados; sua família, amaldiçoada por quatro
gerações; e o chão de sua casa foi salgado, para que dele nada mais brotasse.
CLÁUDIO
MANUEL DA COSTA:
Cláudio
Manuel da Costa ( 1729 - 1789), também conhecido pelo pseudônimo pastoral de Glauceste Satúrnio, nasceu em Mariana,
Minas Gerais, e, depois de estudar no Brasil com os jesuitas, completou seus
estudos em Coimbra, onde se formou advogado. Em Portugal, tomou contato com as
renovações da cultura portuguesa empreendidas por Pombal e Verney. Ali também
conheceu as novidades literárias trazidas pela Arcádia Lusitana.
De volta
ao Brasil, Cláudio Manuel da Costa exerceu em Vila Rica a carreira de advogado
e administrador. Sua carreira de escritor teve início com a publicação de Obras
Poéticas. Em 1789, foi acusado de envolvimento na Inconfidência Mineira.
Encontrado morto na prisão , a alegação oficial para a sua morte foi o
suicídio.
Com ampla
formação cultural, Cláudio liderou o grupo de escritores árcades mineiros e
soube dar continuidade apesar das limitações da colônia, a tradição de poetas
clássicos. Seus sonetos apresentam notável afinidade com a lírica de Camões.
O poeta
cultivou a poesia lírica e a épica. Na lírica tem destaque o tema de
desilusão amorosa.
Na épica,
Cláudio escreveu Vila Rica, poema inspirado nas epopéias clássicas, que trata
da penetração bandeirante, da descoberta da minas, da fundação de Vila Rica e
de revoltas locais. Suas obras podem ser melhor entendidas se forem analisadas
do seguinte modo:
Poesia lírica:
- uma poesia que serviu de transição entre o Barroco e o Arcadismo.
- no Arcadismo, Cláudio Manuel da Costa demonstra o pastoralismo como uma renúncia à visão religiosa de mundo.
- Em suas Obras, pelo fato da paisagem não ser campestre há uma quebra das convenções do período, ele apresenta cenários dominados por pedras, rochas, grutas e penhascos, indicando as suas raízes mineiras. Pois ele recorre a fato que lembra a paisagem mineira.
Tomás
Antônio Gonzaga
Tomás
Antônio Gonzaga nasceu em Portugal( Porto, 11/08/1744) e morou em Salvador,
Bahia, entre os 7 e os 17 anos de idade. Formou-se em Direito em Coimbra
e permaneceu lá, até 1782, quando foi nomeado ouvidor( juiz) de Vila Rica e
retornou ao Brasil. Logo tornou-se amigo de Cláudio Manuel da Costa, onde foi
influenciado para a produção poética. Sua obra lírica de maior destaque
foi: Marília de Dirceu (um conjunto de liras).Esta poesia foi tipicamente
árcade, visto que estava presa aos esquemas bucólicos e pastoris. Nesta obra
Dirceu , o pastor, é também, um funcionário público, juiz, quarentão, que amava
uma moça de uns 17 anos, e com o sonho da estabilidade de um lar burguês cheio
de filhos. A obra foi escrita em três partes que correspondem a momentos
históricos diferentes na vida do poeta. A I parte em liberdade, onde predominam
as convenções neoclássicas, como os cortejos amorosos de pastores, as
cançonetas anacreônicas, o locus amoenus, e as referências mitológicas.
O pastor faz a corte à pastora Marília e tenta convence-la da felicidade no
casamento. Também ocorre a referência ao tema carpe diem, onde aparece a
preocupação de Gonzaga com a própria idade. A II na prisão, é bem notada devido
as referências biográficas, como : o cárcere, o processo judicial, o medo, a
perspectiva da morte, a solidão, e o sentimento de injustiça. E a III
provavelmente logo após o degredo para a África. A expressão sentimental
da obra dá-se, na maior parte das liras. em alguns momentos das partes II e
III, o autor escapa dos padrões árcades e desabafa a sua dor, o sentimento de
medo do futuro e da morte e, sobretudo, a saudade de Marília. Nestes
momentos, as liras adquirem um caráter pré-romântico.
“ Eu
tenho um coração maior que o mundo!
Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Um coração...,e basta
Onde tu mesma cabes;”
LIRA IV
“
Marília, teus olhos
são réus,
e culpados
que
sofra, e que beije
os
ferros pesados
de
injustos Senhor.
Marília, escuta
Um triste pastor.
Mal vi
teu rosto,
O
sangue geluo-se,
A língua
prendeu-se,
Tremi, e
mudou-se
Das faces
a cor.
Marília, escuta
Um triste pastor.”
Ele
também teve destaque com uma obra satírica, onde sob pseudônimo de
Critilo, satirizou os desmandos do governador de Minas Gerais, ou seja,
faz ataques diretos ao despotismo do Fanfarrão Minésio, em Cartas
Chilenas.
FREI
SANTA RITA DURÃO
Uma de
suas obras de destaque foi: Caramuru
Tema: A glorificação do colonizador
branco e agente da catequese católica, Diogo Álvares Corrêia, que
maravilhou os índios com um tiro de arcabuz na Bahia do século XVI, casando-se
com a filha do cacique, Paraguçu, e passando a viver entre eles. Outros
aspectos.
Louvação
do índio que se converte à religião do dominador luso e o auxilia na conquista
da terra.
A cena
mais famosa da epopéia é a morte da índia Moema, após a partida para a
França de Diogo Álvares e sua noiva, Paraguaçu. Moema vai
nadando atrás do navio até ser tragada pelas ondas.
Obs. Há
nesta epopéia uma forte influência de Os Lusíadas, de Camões.
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