ESCREVER NEM SEMPRE É FÁCIL
"Você irá escrevendo, irá escrevendo,
se aperfeiçoando, progredindo, progredindo aos poucos: um belo dia (se você
aguentar o tranco) os outros percebem que existe um grande escritor."
Mário
de Andrade
Por que falar é mais
fácil do que escrever?
Ao falar, temos uma infinidade de recursos para
transmitir as nossas idéias. Podemos usar gestos com as mãos e com o
corpo, expressões faciais e a própria entonação da voz.
Entretanto, ao
escrevermos um texto, as únicas ferramentas que dispomos são as próprias
palavras e os sinais de pontuação, o que traz uma enorme limitação, que
pode se tornar ainda maior se a pessoa não tem o costume de escrever e não usa
algumas técnicas.
Existem 3 tipos
principais de textos:
•
Narração
•
Descrição
•
Dissertação
1. A NARRAÇÃO, OU
TEXTO NARRATIVO, é
a redação na qual são contados fatos reais ou fictícios.
O texto narrativo possui dimensões espaciais e temporais,
ou seja, os fatos narrados acontecem em um determinado espaço geográfico, ou
seja, em algum lugar, e em uma
determinada época, passada, presente ou futura.
Outra característica
marcante do texto narrativo é a
presença de personagens.
2. A DESCRIÇÃO, OU
TEXTO DESCRITIVO, é a redação que dá informações detalhadas sobre determinado ser,
objeto, lugar ou mesmo um sentimento.
O objetivo desse texto é fazer com que o leitor consiga imaginar e
recriar, na própria mente, a imagem do ser ou objeto descrito.
3.A DISSERTAÇÃO, OU
TEXTO DISSERTATIVO, é a redação que tem
por objetivo expressar uma opinião, um
ponto de vista em relação a um determinado assunto.
O objetivo desse texto é convencer, persuadir o leitor a concordar com
sua tese. Para isso, são usados argumentos, que podem se apoiar em
dados, fatos ou idéias.
CARACTERÍSTICAS DE UM
BOM TEXTO
A COERÊNCIA:
A ligação de cada
uma das partes do texto com o seu todo, de forma que não haja contradições.
Um bom texto que falha na sua coerência
perde toda a sua credibilidade.
Assim, é preciso ficar atento aos
detalhes e sempre reler o texto para
evitar a falta de concatenação das idéias e a inclusão de informações
contraditórias, o que pode deixar a impressão de história mal contada.
COESÃO TEXTUAL:
As técnicas ou mecanismos de coesão têm por
objetivo dar consistência ao texto, interligando suas partes para que tenha
uma unidade de sentido, evitando a repetição de palavras.
•
Coesão léxica: é obtida através de relações de
sentido entre as palavras, ou seja, do emprego de sinônimos.
•
Coesão gramatical: é obtida a partir do emprego
de artigos, pronomes, adjetivos, advérbios, conjunções e numerais.
Exemplos
de mecanismos de coesão:
A Perífrase ou Antonomásia é substituição de uma
expressão curta e direta (nome do lugar, coisa ou pessoa) por outra mais
extensa e carregada de maior ou menor simbolismo:
Ex.:
•
O Brasil sediará a copa do
mundo de 2014. Há muitos anos o país do futebol esperava por esse
dia.
A Nominalização é o uso de um
substantivo para retomar um verbo enunciado anteriormente:
Ex.:
•
Armando se casou no final de 2006. O casamento,
entretanto, não durou muito.
O uso de expressões
sinônimas
ou quase sinônimas pode ser de extrema utilidade quando se quer evitar a
repetição de palavras:
Ex.:
•
Os carros produzidos no Brasil não têm
tantas qualidades se comparados aos automóveis importados.
A repetição vocabular deve ser evitada ao
máximo. Entretanto, algumas vezes repetir uma palavra é inevitável para
garantir a coesão textual, principalmente se ela representar a idéia
principal do período:
Ex.:
•
A fome vem se agravando nos países
pobres. São vários os motivos desse problema, por isso a fome tem sido
uma preocupação constante dos governantes mundiais.
O Termo Síntese é uma palavra ou expressão que
retoma os termos precedentes, fazendo uma espécie de resumo.
Ex.:
•
Há um vazamento de óleo no motor, os pneus
estão carecas e os amortecedores não estão funcionando. Tudo isso faz
com que o preço do carro seja mais baixo.
Os pronomes podem ser usados para
se referir a termos ou expressões usados anteriormente.
•
Cláudio gritou de dor. Ele nunca havia
quebrado o pé. (Pronome pessoal reto)
•
Tenho jóias muito valiosas e guardo-as
em local seguro. (Pronome pessoal oblíquo)
•
Este é o homem de que lhe falei. (Pronome relativo)
•
Tenho aqui uma caneta e um lápis. Dou este
ao menino e aquela à garota. (Pronomes demonstrativos)
Em alguns casos, podemos usar numerais
para retomar dados citados anteriormente:
Ex.:
•
Maria e Joana voltaram da praia. As duas
estavam muito queimadas.
•
O Flamengo conseguiu duas vitórias: a primeira
contra o Palmeiras e a segunda contra o Grêmio.
Os chamados Advérbios Pronominais são expressões
adverbiais que indicam uma localização no espaço e também podem ser
usados para substituir nomes de lugares.
Ex.:
•
Estou em Belo Horizonte. Aqui faz um
calor infernal.
•
Vou voltar para sua casa. Aí ainda tem
lugar para mim?
•
Carlos viajou para Goiânia. Lá vai
ficar por mais duas semanas.
A Elipse consiste na
omissão de um termo ou expressão da frase. Para que essa figura de
linguagem possa ser usada sem prejuízo de sentido, é preciso que o termo
oculto possa ser facilmente depreendido pelas referências do contexto. Veja:
Ex.:
•
Jussara
chegou cedo ao trabalho hoje. (Jussara) Já conseguiu resolver todas as
pendências e ainda teve tempo para conversar com o chefe.
Uma técnica muito utilizada em jornais consiste na repetição
de apenas um dos nomes de uma pessoa, depois de ter sido citado por
completo anteriormente:
Ex.:
•
Mário Ribeiro representa o papel
de um engenheiro aposentado. Sempre que pode, Ribeiro procura Marta, sua
ex-namorada.
A Metonímia é uma figura de
linguagem que consiste em substituir uma palavra por outra, fundamentada em
uma relação de sentido, que pode ser de causa e efeito (trabalho,
por obra), de continente e conteúdo (copo, por bebida),
lugar e produto (porto, por vinho do Porto), matéria e
objeto (bronze, por estatueta de bronze), abstrato e
concreto (bandeira, por pátria), autor e obra (um Camões,
por um livro de Camões), a parte pelo todo (asa, por avião),
etc. Veja um exemplo:
Ex.:
•
O
governo anulou a licitação para compra de laptops para alunos de escolas
públicas. O Planalto não conseguiu chegar a um acordo de preço com os
fabricantes.
OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES
1.
NÃO TENTE ESCREVER DIFÍCIL.
Mantenha a
simplicidade, usando palavras conhecidas e as quais você tenha domínio sobre o
significado.
Fica mais fácil
para você escrever e também para o leitor entender, e evita-se o risco de usar
uma palavra mal colocada e alterar todo o sentido imaginado para a frase.
2.
USE FRASES CURTAS
O uso de frases curtas facilita o domínio do texto, evitando que você se
perca no meio de um período longo.
Ao
usar períodos mais curtos, amarre as frases e organize bem as idéias. Não mude
de assunto de uma hora pra outra. É importante manter a linha de argumentação.
3.
SEJA CLARO
Não deixe palavras ou idéias
subentendidas.
Muitas vezes, por ter todo o contexto do
assunto na cabeça, o autor se esquece de detalhes importantes os quais o leitor
não tem condições de saber.
Para evitar que isso aconteça, verifique
se o texto dá todas as informações e conceitos necessários ao perfeito
entendimento das idéias expostas.
Faça uma análise crítica e se coloque no
lugar do leitor para saber se ele tem condições e conhecimento suficiente para
entender seu texto por completo.
4.
SEJA OBJETIVO
Nem sempre quem fala mais é mais bem
compreendido.
A quantidade de palavras não é fator
determinante no entendimento do conteúdo do texto. Na verdade, a repetição
de idéias e o uso excessivo de explicações pode confundir o leitor.
Dessa forma, tente se expressar usando
o mínimo possível de palavras.
5.
LEIA E RELEIA
Depois de pronto, é fundamental reler o
texto. Entretanto, muitas vezes, ao reler a redação logo depois de terminar de
escrever, não achamos erros por estarmos ainda muito ligados ao texto.
Assim, se puder, descanse por um ou
dois minutos antes de fazer a releitura. Dê uma volta e beba um copo de água.
Esse tempo de pausa e descanso é importante para que você se desligue um pouco
e adquira uma postura mais imparcial frente ao texto.
Na releitura, lembre-se de verificar
a ortografia e conferir se não há trechos confusos, com períodos muito longos
ou obscuros.