Fábula,
Parábola e Apólogo
Esses
três tipos de texto são frequentemente confundidos devido às grandes
semelhanças que possuem, mas podemos diferenciá-los também através de algumas
características. Vejamos alguns conceitos:
Fábula: texto literário muito comum na literatura infantil. Fabular = criar, inventar, mentir. A linguagem
utilizada é simples e tem como diferencial o uso de personagens animais com
características humanas. Durante a fábula é feita uma analogia entre a
realidade humana e a situação vivida pelas personagens, com o objetivo de
ensinar algo ou provar alguma verdade estabelecida (lição moral).
- Utiliza personagens animais com características,
personalidade e comportamento semelhantes aos dos seres humanos.
- O fato narrado é algo fantástico, não corriqueiro
ou inusitado.
Parábola: deriva do grego parabole (narrativa
curta). É uma narração alegórica que se utiliza de
situações e pessoas para comparar a ficção com a realidade e através dessa
comparação transmitir uma lição de sabedoria (a moral da história).
- A parábola transmite uma lição ética através de
uma prosa metafórica, de uma linguagem simbólica.
- Diferencia-se da fábula e do Apólogo por ser
protagonizada por seres humanos.
- Gênero muito comum na Bíblia: As parábolas de
Jesus.
Apólogo: Gênero alegórico que ilustra um ensinamento de vida através de situações semelhantes
às reais, envolvendo pessoas, objetos ou animais, seres animados ou inanimados.
- Os apólogos têm o objetivo de atingir os
conceitos humanos de forma que os modifique e reforme, levando-os a agir de
maneira diferente. Os exemplos são utilizados para ajudar a modificar conceitos e
comportamentos humanos, de ordem moral e social.
- Diferencia-se da fábula por se concentrar mais em
situações reais, enquanto a fábula dá preferência a situações fantásticas, e
também pelo fato de a fábula se utilizar de animais como personagens.
- Diferencia-se da parábola, pois esta trata de
questões religiosas e lições éticas, enquanto o apólogo fala de qualquer tipo
de lição de vida, mesmo que esta não seja a que é adotada pela maioria como a
maneira correta de agir.
OBS:
Hegel
considera-a uma forma de parábola: “Pode-se considerar o apólogo como uma
parábola que não utiliza apenas, e a título de analogia, um caso particular a
fim de tornar perceptível uma significação geral de tal modo que ela fica
realmente contida no caso particular que, no entanto, só é narrado a título de
exemplo especial.” (Estética, II, 2c, Guimarães Editores, Lisboa, 1993,
p.223).
EXEMPLOS:
1.
Uma pequena fábula:
Os Viajantes e o Urso
Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O
primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia
conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu de morto. O urso se aproximou
dele e começou a cheirar sua orelha, mas, convencido de que estava morto, foi
embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
_O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
_Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes
de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.
Moral da história: A desgraça põe à prova a
sinceridade e a amizade.
2. Uma Pequena Parábola:
O exemplo do tigre
Uma história sobre a comodidade e o conformismo
Um
homem vinha caminhando pela floresta, quando viu uma raposa que perdera as
pernas. Perguntou-se como ela faria para sobreviver. Viu, então, um tigre
aproximando-se com um animal abatido na boca. O tigre saciou a própria fome e
deixou o resto da presa para a raposa.
No
dia seguinte, o tigre alimentou a raposa novamente. O homem maravilhou-se com a
grandiosidade de Deus, que usava o tigre para ajudar outro animal. Disse a si
mesmo: “Também eu irei me recolher em um canto, com plena confiança em Deus. E
ele há de prover tudo de que eu precisar.”
Assim
fez. Mas, durante muitos dias, nada aconteceu. Estava já quase às portas da
morte, quando ouviu uma voz:
-
Ó, tu que estás no caminho do erro, abre os olhos para a verdade! Segue o
exemplo do tigre e pára de imitar a raposa aleijada.
Parábola extraída do livro AS MAIS BELAS
PARÁBOLAS DE TODOS OS TEMPOS - Volume 2, Alexandre Rangel, Editora Leitura.
3. Um Pequeno Apólogo:
Os Fósforos
Uma caixa
de fósforos recém comprada foi usada pela primeira vez. Quando foi aberta, a
luz cobriu todos os palitos que dentro dela estavam quietos e encostados, uns
nos outros. Um palito saiu e não mais retornou e a caixa foi fechada novamente.
Foi quando ela ouviu o seguinte diálogo:
- Você
viu isso, ele não teve nem tempo de se despedir.
- É assim mesmo, nós vamos,
queimamos e não mais retornamos.
- É uma vida curta demais!
- É uma vida curta demais!
- O que
você prefere ? Ficar aqui dentro da caixa, no escuro ?
-
Prefiro! Do que queimar tão rápido ? Prefiro. Do que ter minha cabeça riscada?
Prefiro! Imagine a dor! Deus que me livre!
O diálogo
se encerrou, parecia que os outros fósforos não se sentiram encorajados em
continuar a conversa com aquele palito, talvez louco, talvez revolucionário.
A caixa
porém observou, cada vez que ela era aberta e a menor porção de luz adentrava,
ele se espremia bem no fundo da caixa, deixando todos os outros palitos em
cima. Assim ele foi, vendo palito por palito sendo riscado até que só sobravam
ele e mais outros dois palitos. Ele percebeu que não havia mais como se
esconder, mesmo que se espremesse no canto da caixa. Passou o resto da vida
aterrorizado, esperando a luz entrar e torcendo que tivesse sorte, de não ser
escolhido jamais.
Um dia a caixa
se abriu, ele tentou se encolher o melhor que podia, mas uma mão simplesmente
virou a caixa deixando cair ele e os outros dois palitos na palma de uma mão. A
caixa foi jogada de lado no chão, meio aberta, e da mão ele ficou olhando,
ansioso, o seu antigo refúgio. Havia um certo alívio, sem a caixa, ele não
poderia ser riscado. Quando tal alívio surgiu na mente ele viu um dos palitos
ser partido em três. E viu o palito do lado sofrer o mesmo. Até que chegou a
vez dele e ele foi partido em três.
E então
três homens sentaram em uma mesa de um bar e colocando as mãos para trás
começaram a jogar porrinha. Aos poucos os pedaços de palitos foram sendo
jogados no chão, até que o pedaço com a cabeça do pobre palito, caiu perto da
caixa.
Quebrado,
jogado de lado, seu estado era lamentável. Tanto quanto dos outros dois palitos
e mais um diálogo ouviu a caixa:
- E agora
? Satisfeito ?
- Fugiu,
fugiu de ser riscado, de ser queimado, para agora estar aí, jogado e quebrado.
- Que
triste fim! Quisera eu ter sido queimado, ter sido o primeiro, ter vivido bem
menos mas ao menos ter sido queimado.
- O que
você tem a dizer agora, hein ?
A
caixa viu que o palito não mais respondia, até que os dois também se
calaram. Era o fim de todos eles, mas ela ainda foi capaz de dizer:
- Ao
menos não fui tola, não evitei viver com medo do fim, pois de que adianta? O
fim chega para todos; é melhor recebê-lo tento vivido o melhor que podemos do
que não ter vivido de forma alguma, tremendo de medo.
João Camilo Campos de Oliveira Torres
onde esta i licao de sabedoria
ResponderExcluirnastres utimas linhas se nao percebeu
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostei
ResponderExcluirGostei
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