quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

ONDE ESTÁ A JUSTIÇA?


Eu estou desesperada. Choro muito no ombro de meu marido e não me conformo.
Ontem, quando cheguei do trabalho, não encontrei minha filha em casa, como de costume.
Eu saí cedo para o trabalho junto com meu marido e deixei minha filha dormindo. Todos os dias, quando chego do trabalho, minha filha está em casa, pois ela estuda à tarde. Ontem ela não estava. Procurei por todos os lugares, perguntei, mas ninguém sabia onde ela estava. Fiquei angustiada e resolvi ir à delegacia.
Lá, o que me deixou mais magoada foi o tratamento que recebi. A delegacia estava cheia de pessoas estranhas e o homem, que dizia ser o delegado, estava gritando e pedindo silêncio.  Quando eu expliquei meu problema, ele falou que não tinha nada a ver. Meu marido insistiu e ele falou que eu era mais uma mãe histérica e que só recebia queixa depois de quarenta e oito horas.
Agora eu estou aqui humilhada, desesperada e nervosa. Quarenta e oito horas é muito tempo, muita coisa pode acontecer. Ninguém pode saber como uma mãe se sente ao ter a filha sequestrada. É muito pior do que ter um filho morto, porque morto não tem jeito, mas quando sabemos que está vivo e não sabemos onde encontrar, isso nos faz sofrer muito.
Como é, penso eu, que alguém pode ser tão desumano a ponto de roubar uma criança? Além disso, a justiça desse país não quer saber dos problemas do povo.
Minha filha... tem apenas dez anos, é indefesa demais. Eu só quero encontrá-la e abraçá-la. Mesmo com o rosto banhado de lágrimas e cheio de dor, vou lutar para ter minha filha de volta.
(Luzaine Alves Coelho, 8ª C , 03/06/96)

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