Eu estou
desesperada. Choro muito no ombro de meu marido e não me conformo.
Ontem,
quando cheguei do trabalho, não encontrei minha filha em casa, como de costume.
Eu saí cedo
para o trabalho junto com meu marido e deixei minha filha dormindo. Todos os
dias, quando chego do trabalho, minha filha está em casa, pois ela estuda à tarde.
Ontem ela não estava. Procurei por todos os lugares, perguntei, mas ninguém
sabia onde ela estava. Fiquei angustiada e resolvi ir à delegacia.
Lá, o que me
deixou mais magoada foi o tratamento que recebi. A delegacia estava cheia de
pessoas estranhas e o homem, que dizia ser o delegado, estava gritando e pedindo
silêncio. Quando eu expliquei meu
problema, ele falou que não tinha nada a ver. Meu marido insistiu e ele falou
que eu era mais uma mãe histérica e que só recebia queixa depois de quarenta e
oito horas.
Agora eu
estou aqui humilhada, desesperada e nervosa. Quarenta e oito horas é muito
tempo, muita coisa pode acontecer. Ninguém pode saber como uma mãe se sente ao
ter a filha sequestrada. É muito pior do que ter um filho morto, porque morto
não tem jeito, mas quando sabemos que está vivo e não sabemos onde encontrar,
isso nos faz sofrer muito.
Como é,
penso eu, que alguém pode ser tão desumano a ponto de roubar uma criança? Além
disso, a justiça desse país não quer saber dos problemas do povo.
Minha
filha... tem apenas dez anos, é indefesa demais. Eu só quero encontrá-la e
abraçá-la. Mesmo com o rosto banhado de lágrimas e cheio de dor, vou lutar para
ter minha filha de volta.
(Luzaine Alves Coelho, 8ª C ,
03/06/96)
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