1ª versão (como o
homem poderia contar)
Isso
acontece com vários casais: um dia eles descobrem que não há um sentimento mais
forte na relação e decidem se separar. Foi assim que aconteceu comigo. Nós nos
casamos jovens e na época estávamos apaixonados, não enxergávamos nada. Logo
veio minha filha, que hoje tem nove anos. Até os três primeiros anos de casados
estava tudo bem, mas daí pra frente não deu mais.
A culpa eu
não sei de quem foi, talvez dos dois. Para um homem é muito difícil ser fiel
durante anos e além disso vieram as influências.
Eu percebia
que minha esposa vivia descuidada, não ligava para a aparência. Comecei a ir
para festas, chegar tarde em casa e aí as brigas começaram. No início dava pra
suportar, depois elas se tornaram cada vez mais freqüentes. Nós suportamos
esses anos todos por causa da minha filha.
O fim do
nosso casamento começou quando minha mulher me viu com outra. Ela sabia que eu
não era fiel, mas saber é uma coisa e ver é outra.
Brigamos
muito e magoamos com palavras um ao outro. Foi ela quem sugeriu o divórcio. Ela
é uma egoísta que só pensa em si, nem lembrou da nossa filha. Vou lutar com unhas
e dentes para obter a guarda da minha filha.
2ª
versão (como a mulher poderia contar)
Quando eu
me casei, acho que estava cega. Muitas pessoas da minha família era contra o
casamento, mesmo assim eu passei por cima de tudo pra ficar com ele.
Até os primeiros
anos de casamento tudo estava bem, nós estávamos felizes com a nossa filha.
Primeiro
vieram as queixas, ele dizia que eu não me arrumava mais, só ligava para a
casa. Isso porque não era ele que se desdobrava para limpar casa, fazer comida
e cuidar da nossa filha. Só que não parou pó aí, ele começou a sair com os
amigos e voltar tarde.
Eu sabia
que ele não estava sendo fiel a mim. Houve um dia, no entanto, que foi a gota
d’água. Eu vi o meu marido com outra mulher. Brigamos feio, dessas brigas onde
nós saímos humilhados e sem dignidade. Eu pedi o divórcio e ele aceitou.
A única
coisa que me preocupa é minha filha. Sei que é difícil pra ela entender. Além
disso o canalha do pai dela quer a guarda. Se ele pensa que eu vou ficar
sentada, esperando, ele está muito enganado.
Para piorar
a situação, os meus parentes vem me visitar com aquela cara de quem diz “bem que eu avisei”. A separação foi
melhor para todos nós. Ele que fique lá com os amigos dele, quanto a mim, antes
só do que mal acompanhada.
3ª
versão (como a vizinha poderia contar)
Bem, não
foi surpresa para ninguém. Esses dois aí do lado viviam brigando igual gato e
cachorro. No início, claro, o amor era rosa, um mar de rosas. Depois começaram
a brigar todo dia. Todos sabiam que esse tal aí... como é mesmo o nome dele?
Ah, sim! Esse Renato traía a mulher dele sem fazer segredo. Essa tal de Laura
parecia que tinha o rei na barriga, não conversava com ninguém. Era um tipo de
casal moderno, ele saía e voltava quando bem entendia. São dois desavergonhados
que não dão exemplo para a coitada da filha. Hoje em dia tudo é muito avançado,
antigamente o homem traía a mulher e ela aceitava tudo por conta dos filhos.
Como é que pode brigar na rua como uma qualquer? Agora está tudo em paz, se
separaram e pronto! Para eles está tudo resolvido.
4ª
versão (como um amigo poderia contar)
No dia que
a Laura, mulher do Renato, viu ele com outra mulher eu vi tudo. O Renato fazia
isso há muito tempo, mas ela nunca tinha visto. A briga foi feia e eles
decidiram se divorciar. Apesar de ser a melhor solução ele anda triste por
causa da filha.
Não dá pra
entender. Levou anos casado e traindo a mulher e agora que saiu da gaiola fica
triste. Tem que ser livre e não ficar engaiolado em casa sem curtir.
(Luzaine Alves Coelho, 13/05/96)
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